Há muito tempo venho tentando me organizar pra conhecer Inhotim. Era uma vontade antiga mesmo, da época em que comecei a me interessar mais por arte e por viajar dentro do Brasil. Por mil motivos a viagem nunca saía, até que em uma promoção inesperada comprei as passagens pra BH e assim, sem mais nem menos, resolvemos que finalmente íamos conhecer Inhotim.
Pra quem não sabe, O Instituto Inhotim é a sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Está localizado em Brumadinho, uma cidade com 38 mil habitantes, a apenas 60 quilômetros de Belo Horizonte.
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COMO CHEGAR
Para chegar até Brumadinho você tem algumas opções: voar até Belo Horizonte e de lá alugar um carro ou contratar um transfer/motorista para te levar e trazer de volta.
Nós optamos por alugar um carro (alugamos aqui!) e ter mais facilidade/disponibilidade por lá. Apesar do trajeto ser curto, essa é uma viagem de mais ou menos 1h30 de carro, sem engarrafamento. A estrada é tranquila, com bastante sinalização e o waze funciona super bem todo o trajeto.
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ONDE FICAR
Brumadinho é uma cidade pequena e bem simples, por lá vocês não vão encontrar muitas opções de hospedagem luxuosas, mas tem varias opções de hotéis e pousadas bem simpáticas que atendem de forma bastante satisfatória os interessados no Instituto.
Estrada Real Palace Hotel
Ville de Montagne Hotel
Pousada Verdes Vilas
Pousada Dona Carmita
Pousada Alta Vista
![Foto da galeria desta acomodação](https://q-ec.bstatic.com/images/hotel/max1280x900/229/22992399.jpg)
(Estrada Real Palace Hotel | Fotos do Booking.com)
Como nós estávamos em 4 adultos e 2 bebês, optamos por alugar uma casa pois seria mais confortável pra gente. Ficamos na Casa Inhotim, uma casa simples e confortável a 5min de carro do centro da cidade e a 10min de Inhotim.
Há quem prefira fazer bate e volta de BH e dormir por lá, nesse caso selecionei alguns hotéis pra quem quiser fazer esse esquema. Lourdes é o badalo de BH, uma espécie de Leblon da cidade. Selecionei algumas opções nesse bairro e algumas outras opções mais no caminho do Instituto.
Quality Lourdes
Promenade BH Platinum
BH Othon Palace
Holiday Inn Savassi
Ibis BH Savassi
Uma novidade é que em breve será inaugurado um super hotel de luxo dentro do Instituto. A ideia é fazer uma verdadeira imersão no mundo das artes. O hotel, que está sendo construído pelo grupo do Txai (de Itacaré), promete ser super diferente, luxuosos e muuuuito moderninho.
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MELHOR ÉPOCA E QUANTO TEMPO FICAR
Sempre acho que para alguns destinos do Brasil isso é muito relativo. Pessoalmente nem olhei se era uma “boa época” quando comprei as passagens e os ingressos. Acho que fiz isso por ser um destino “perto de casa”. Imaginei que a temperatura não seria tão diferente e não foi mesmo. Pegamos dias lindos, calor durante o dia e fresquinho de manhã cedo e à tarde/noite.
Se setembro é a melhor época eu não sei, mas com certeza se fôssemos em um dia de chuva seria bem ruim pois todo o deslocamento lá dentro é feito ao ar livre e a pé. Sem falar que várias obras ficam mesmo a céu aberto. Ou seja, em um dia de chuva não seria legal. Acho que essa é a única grande preocupação climática que vocês precisam ter.
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Com relação a quanto tempo ficar, vou ser bem pragmática aqui: não passe menos de 1 dia e meio no museu se você tem a intenção de ver todas as obras. E entendam ver como dar uma olhada e não ficar 200h analisando todos os detalhes. É impossível, mesmo que você seja a pessoa mais rápida do mundo. Pessoalmente, acho que fazer um bate e volta de BH, não vale a pena. A não ser que essa seja sua única opção. Mas se você consegue dormir pelo menos uma noite na cidade, faça isso e curta o Instituto com calma.
Nós pegamos um vôo que saía as 7h do Rio e até pousar em BH, alugar o carro e dirigir, chegamos em Brumadinho 11h30. Ou seja, esse foi nosso “meio” dia. No dia seguinte chegamos em Inhotim um pouquinho antes de abrir e saímos na hora que fechou.
ANTES DE IR
Algumas coisas ninguém te fala mas são bem importantes de você saber antes de ir pra lá. Uma delas é: compre seus ingressos pela internet e com antecedência. As filas para comprar na hora são imensas. Mesmo. (O site oficial é esse aqui!)
O Instituto é muito grande, logo, você vai andar muito. Se você tem tempo e isso não é um problema pra você, ótimo. Mas a minha recomendação, independente da sua idade e estilo de viagem é para você comprar junto com seus ingressos pelo menos um dia do transporte em rotas oferecido por eles. Essa dica foi a nossa guia que deu e foi essencial. Vende no mesmo site dos ingressos.
Aliás, contratar um guia, na minha opinião, é fundamental. Ele te acompanha durante toda a visita e te explica sobre o Instituto, sobre as obras, os artistas, sem falar que eles conhecem aquilo com o palma da mão então sabem o melhor caminho, as “melhores” obras… sou suspeita para falar porque realmente acho imprescindível. A nossa viagem não teria sido a mesma sem a nossa guia, que foi maravilhosa.
Ela aguentou nossas piadas, tinha paciência com os horários dos bebês, era fotógrafa do grupo (e das boas) e ainda atuava como babá de vez em quando! Hahahahahah Mas sério, recomendo MUITO! Vou colocar o contato dela aqui.
Thais Martini
(31) 9562-7979
@tatamartinii
Entre em contato com ela com antecedência e já faça seu agendamento. Assim você garante uma visita assistida que certamente será melhor do que passear meio sem rumo (e sem informação) por lá. É o tipo de coisa que vale cada centavo, sabem?
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ONDE COMER
Dentro do Instituto você encontra 2 grandes restaurantes e alguns bares, cafés e lanchonetes. Então, comida não será um problema pra você. Nós acabamos experimentando apenas um restaurante porque gostamos tanto que quisemos repetir no dia seguinte.
- Tamboril: Foi o que amamos. Ele é um buffet de pratos principais e sobremesas, com valor fixo (R$79,90) e você pode comer o quanto quiser. A comida tem gosto de comida caseira e mistura um toque mineiro com uma culinária mais internacional. Tudo estava muito saboroso. Gostamos tanto que repetimos no dia seguinte.
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- Oiticica: É um restaurante um pouco maior, perto das obras do Hélio Oiticica (por isso o nome). Diferente do Tamboril, esse é um restaurante a kilo (R$49,90/kg). Você paga de acordo com a quantidade que comer.
Recomendo que você faça reserva para os restaurantes, principalmente se for na alta temporada ou em feriados pois o instituto fica bem cheio e a gente não quer perder tempo em fila de restaurante né?!
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AS OBRAS
Não tenho a menor condição ou capacidade de falar uma a uma aqui. Mas acho que algumas valem um destaque por serem muito legais ou diferentes. Então, resolvi fazer uma seleção das que eu mais gostei por algum motivo. E assim, vocês podem marca-las como imperdíveis na visita de vocês a Inhotim.
Sonic Pavilion | Doug Atkin: Uma das minhas preferidas. Uma ideia simples e genial: o som da Terra. “Trata-se de abrir um furo de 200 metros de profundidade no solo, para nele instalar uma série de microfones e captar o som da Terra. Este som é transmitido em tempo real, por meio de um sofisticado sistema de equalização e amplificação, no interior de um pavilhão de vidro, vazio e circular, que busca uma equivalência entre a experiência auditiva e aquela com o espaço”. É muito interessante!
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Forty Part Motet | Janete Cardiff: Ousaria dizer que foi a minha preferida. “Utilizando microfones individuais, Janet Cardiff gravou cada integrante do coral da Catedral de Salisbury, trabalhando com vozes masculinas (baixo, barítono e tenor) assim como com uma soprano infantil. Na instalação, a artista usa um alto-falante para cada voz, o que permite ao espectador ouvir as diferentes vozes e perceber as diferentes combinações e harmonias à medida que percorre a instalação.” Ou seja, você fica no meio de um coral cantando. É de arrepiar.
Galeria Adriana Varejão: Uma das galerias mais famosas e bonitas do Instituto. São diversas obras no pavilhão que mostram um pouco do trabalho da artista. “Adriana Varejão elegeu o campo da pintura para desenvolver sua obra. Sua produção abarca fotografia, escultura e instalação, mas sobretudo a pintura, no sentido mais clássico do termo, pela utilização de materiais e técnicas característicos desta que é, historicamente, tanto a mais nobre quanto a mais apreciada linguagem das artes visuais. Nos trabalhos reunidos aqui, é possível acompanhar a diversidade de interesses de sua obra e a variedade de fontes de sua pesquisa – a abstração, a ruína, o monumento, o monocromatismo, a violência; a história, as ciências naturais, a arquitetura.”
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Cosmococa | Hélio Oiticica: Nesse espaço você encontra várias instalações interativas do artista. Estas obras transformam projeções de slides em instalações ambientais que submetem o espectador a experiências multisensoriais. É uma das mais famosas do Instituto e muitas vezes tem fila para entrar.
Galeria Cildo Meireles: São 3 ambientes com três obras completamente diferentes. Todas muito interessantes. A “Através” você vai pisando em cacos de vidro para conseguir chegar ao centro da obra. Na “Desvio para o Vermelho” você entra em um ambiente totalmente impregnado com a cor. Achei MUITO interessante. E a terceira é a “Glove Troter” uma malha de aço que cobre bolas de diversos tamanhos. “Seu trabalho pioneiro no campo da arte da instalação prima pela diversidade de suportes, técnicas e materiais, apontando quase sempre para questões mais amplas, de natureza política e social.”
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Narcissus Garden Inhotim | Yayoi Kusama: Uma das mais conhecidas obras do Instituto. São 500 bolas de aço inoxidável que flutuam sobre um espelho d´água criando formas diferentes de acordo com o vento e refletindo a paisagem local.
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Beam Drop | Chris Burden: É a recriação de uma obra que existia em NY. Mas pra mim, o interessante dessa obra foi a forma como ela foi feita. Um guindaste ficou por 12h, lançando as 71 vigas de ferro que compõe a escultura em uma poça de cimento fresco. Tudo isso, sendo orquestrado pelo artista, claro. Resultado final: Beam Drop. Interessante (além de produzir ótimas fotos!).
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Ttéia | Lygia Pape: Essa é uma obra “simples”, mas chamou muito a minha atenção. É uma obra toda feita com fios metalizados. “O texto versa sobre o resgate da liberdade de experimentação, questionando os parâmetros racionalistas do projeto construtivo e recuperando a dimensão subjetiva da obra”.
Bom, essas são apenas algumas das muitas obras e galerias que vocês vão encontrar por lá. São as que me marcaram de alguma forma, as que eu mais gostei por algum motivo ou as que chamaram a minha atenção. No site oficial de Inhotim você encontra mais informações sobre todas as obras, exposições, coleções e galerias do Instituto.
VALE IR COM BEBÊ E CRIANÇA?
Na minha opinião vale MUITO! Tanto bebê quanto criança. Claro que bebê não entende absolutamente nada em termos de obra de arte, mas quem é que quer que eles entendam não é mesmo? O lugar é lindíssimo, todo arborizado, cheio de flores, plantas, lagos, gramadões verdinhos… pros pequenininho é um prato cheio em termos de estímulos, ar puro e natureza.
Pros maiores acho ainda mais interessante pois muitas das obras são interativas, acessíveis e diferentes. Elas despertam o interesse dos pequenos. Algumas obras tem piscina aberta para os visitantes, outras tem diferentes tipos de interatividade… E assim como é um show de estímulos para os bebês, para as crianças maiores também é. Com a diferença de que talvez elas entendam um pouco mais do espaço que estão conhecendo e visitando.
Na prática: todos os lugares tem rampa e são super acessíveis. Vocês não terão problema de andar com carrinho de bebê pra cima e pra baixo. Além disso, tem a possibilidade de usar o carrinho de golfe pago, disponível no instituto. Algumas distâncias são muito longas e sem dúvidas, é uma boa pedida para quem está com criança. Os restaurantes são super tranquilos e kids friendly. Eles tem cadeirinha para os pequenos e opções de comidinha bem tranquilas.
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Em resumo, gostei muito de ter ido a Inhotim. Era um lugar que eu queria muito conhecer e superou as minhas expectativas. Muito mais organizado, bonito e agradável do que eu imaginava. Muito legal de levar os bebês, de passear, ótima comida, obras super interessantes pra todos os gostos e idades.
Uma viagem relativamente barata dentro do Brasil e que vale a pena ser feita. Recomendadíssima!
Viajamos em setembro de 2018. Vic tinha 14 meses.